terça-feira, 23 de setembro de 2014

A VELHA MECÂNICA - ENTREVISTA

Foi ainda no FUSING Culture Experience que estivemos à conversa com os elementos de A Velha Mecânica sobre um novo videoclip que tinha saído pouco antes, sobre alguns detalhes do estreante "Tanto Por Dizer E Ainda Assim Se Escondia" e sobre algumas curiosidades de uma banda que mais tarde viria a impressionar em cima de um palco Experience dedicado a boas estreias ao segundo dia de festival e também no regresso às imediações da Figueira para o Woodrock Festival.
Sem maquilhagem instrumental, a palavra de Fernando Oliveira, Pedro Correia aka Sonny Boy, Johnny Gil, Zé Diogo e Marco Paulette, senhoras e senhores.






BandCom (BC): O que é que faz dos A Velha Mecânica uma banda de Coimbra ? Será mais pelas "estórias" que contam, como no tema "Aspirante" por exemplo ?

Pedro Correia (PC): Somos uma banda de Coimbra, é verdade... Mas nem todos os elementos são de Coimbra. A minha terra natal é Bragança. Foi em Coimbra que nos conhecemos, que temos o nosso quotidiano enquanto banda. Agora a nível de sonoridades... há sempre aquele estigma do rock‘n’roll de Coimbra, de bandas como os Tédio Boys, entre outras... Mas acho que isso ressentiu-se mais nos nossos projetos anteriores do que propriamente nos A Velha Mecânica. Acho que o legado que nós tivemos dessas bandas foi mais o da vontade de ser músico. Em relação às temáticas, o tema “Aspirante” fala concretamente de uma pessoa de Coimbra, de uma daquelas personagens que, basicamente, todas as cidades têm, cada um com a sua "estória"...


BC: Os invisíveis...

PC: Sim... Surgiu na altura em que estávamos a compor temas para o álbum e infelizmente coincidiu com o falecimento desse senhor que as pessoas apelidavam de “aspirante”. Andava sempre a mostrar uma credencial que devia ser da tropa, tinha uma rotina muito própria... na Baixa, principalmente, toda a gente conhecia o Aspirante. Na altura em que estávamos a tratar das composições para o álbum, foi encontrado morto no rio Mondego. Depois, vimos que um senhor escreveu num blog da Baixa de Coimbra um artigo sobre as histórias do Aspirante na ocasião da morte dele, que tinha ido para a tropa, etc... então pensámos "porque não fazer um tema também sobre ele?”
De uma forma um bocado mais poética, vá lá... 


Marco Paulette (MP): E se calhar é o único tema em que falamos concretamente de Coimbra e da cidade. 



BC: Qual é a vossa ligação com a língua, a história portuguesa, muito visível no tema "Bandeira Negra"?

PC: Sim, é inegável a alegoria marítima nesse tema...
À medida que fomos tocando cenas e cantando em português, no meu caso, senti muito mais ao ouvir em português, tem uma forma mais crua, mais direta. No meu caso, sai mais verdadeiro.



BC: Como é que explicam que as bandas que cantam em português tenham tantas dificuldades em exportar as suas músicas quando sabemos que o fado não tem dificuldade nenhuma lá fora ?

Johnny Gil (JG): O fado é património...
Mas é uma dificuldade normal, a Espanha tem o mesmo problema, a França também.
.. 

PC: O fado é folclore português, é música tradicional...

JG: Mas acho que até há uma divulgação muito grande da música em português, como é o caso do Brasil, ou até dos PALOP's.





BC: Quais foram os critérios que determinaram a escolha dos convidados?

PC: O Victor Torpedo era quase uma presença obrigatória. Estávamos há uns instantes a falar das influências de Coimbra, ele era uma delas. Sempre gostei muito dele.
O Fuse... nasceu a ideia de que queríamos um rapper...



BC: Também pelo 'rap' português ser um dos maiores defensores da língua portuguesa ?

PC: Exatamente, que tivesse um bocado essa bandeira...

JG: Na altura da gravação do álbum, já tínhamos aquele formato. Decidimos que queríamos pôr alguma coisa mas não sabiamos muito bem o quê...
Depois o convite surgiu naturalmente.


PC: Na altura estava a fazer um trabalho com a Riot Films. E em conversas com o Paulo Castilho, ele disse:“convidem o Fuse, ele vai adorar, é a cena dele...”.
Nunca me tinha lembrado dele até então. E ele tem um bocado o nosso universo obscuro, com a cena do Inspector Mórbido. Mas também não queríamos dar um ar muito rapper à coisa.


MP: Ele disse-nos que tinha ouvido o nosso álbum e que tinha feito duas coisas: uma versão mais rappada, se assim se pode dizer, outra mais spokenword. A letra, o ritmo, a cadência... nota-se que é o Fuse a dizer as coisas. Estamos muito contentes com o trabalho dele, adaptou-se muito bem.

PC: E também aconteceu numa fase da vida dele um bocado complicada.
Então, acabou por dar-lhe uma carga emocional muito grande - à letra e à prestação dele.



BC: Já tocaram com ele e com o Victor ao vivo ?

PC: Éramos para tocar com o Fuse hoje. Mas teve outros compromissos e não nos podemos adiantar muito sobre isso...(risos)


BC: Esta presença no FUSING soou para vocês como uma nova vitória? Estavam à espera?

JG: Sim, já no ano passado houve uma pequena abordagem. Mas depois à última hora não deu, o cartaz estava fechado. Não tivemos ainda tempo para apreciar o festival, chegámos mesmo agora, não estivemos cá ontem...
O cartaz a nível de música está fantástico, este festival é muito bom para a zona centro. 


PC: Festivais como o FUSING são muitos bons para Portugal mas mais do que isso, revela que as pessoas e as organizações estão dispostas a apostar na música portuguesa que tem grandes talentos.

MP: É sem dúvida uma vitória para a zona centro, e a Figueira é a paisagem ideal. 





BC: Quais são os vossos planos para o futuro?

JG: Vamos tocar aqui perto agora, em Quiaios, no WoodRock. 

PC: Tivemos um ano um pouco parado, estávamos ocupados com outras coisas...
E agora, se calhar, é que estamos a fazer a tour deste álbum. Vamos marcar outras datas agora.


JG: E para o ano voltamos aos estúdios. Não te podemos dizer se vai sair um EP ou um álbum...mas qualquer coisa virá.

PC: Hoje, aliás, vamos tocar músicas novas...


BC: E agora, para acabar, se vocês têm tanta coisa para dizer, o que é que ficou por dizer hoje? Não me escondam nada... 

Todos: (Risos) Já dissemos tudo... Continuem a desfrutar...apareçam nos nossos concertos...não escondemos nada!


Mickaël C. de Oliveira




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