terça-feira, 23 de agosto de 2016

DE E POR: THE WALKS - "Fool's Gold" (2015, Lux Records)

Não há como enganar: os The Walks, banda a que pertencem Gonçalo Carvalheiro (baixo), Nelson Matias (guitarra), Miguel Martins (guitarra), John Silva (voz) e Tiago Vaz (bateria) safam-se que nem banda de Coimbra, sólida, marcada, vivida em cada detalhe traduzido lirica ou instrumentalmente. Não consta que também se demorem muito entre criar e recriar se o foco ou o momento não forem os certos - não é fácil apresentar uma banda de rock n' roll por estes dias e fazer juras de castidade eterna quando o garage-rock, o punk e a densidão do blues espreitam e o apoio do "tio" Victor Torpedo é inquestionável. Ser, por isso, um dos talentos da extensa lista de "Novos Talentos FNAC" depende, assim, não apenas da execução de ideias fugazes mas sobretudo de uma capacidade de imaginação inesgotável e permanentemente insatisfeita na procura de novas conjugações.
Há apenas pouco mais de 3 anos a engolir palcos por todo o país e também pelo estrangeiro, os autores de "R" e "Fool's Gold" chegam ao Indie Music Fest no primeiro dia do próximo mês e esse é um bom pretexto para irmos tentar saber mais sobre o disco de estreia dos The Walks que todos acabarão por ouvir algum dia sempre com o pensamento naquilo que poderá (ou poderia, se chegarem atrasados) ser os seguintes.
P.S: Olhem que os The Amazing Flying Pony estão de volta. Cautela!








Clockwork

A estrutura geral da música surgiu num retiro criativo que fizemos numa casa de campo, em meados de 2014. De entre os esboços que trouxemos, escolhemos aquele que na nossa perspectiva se encaixava na linha dos temas do EP. Com uma base rítmica forte e um 'groove' demarcado, o tema ficou completo com os arranjos da secção de sopros e com toque característico da guitarra de Victor Torpedo (Parkinsons, Tédio Boys, Tiguana Bibles). Por todas estas razões, foi o tema escolhido para primeiro 'single' de apresentação do álbum.






Lost In The Crowd

Um dos primeiros temas que compusemos ainda numa fase embrionária da banda. Tem um refrão forte e uma mensagem social importante que nos fala do isolamento, da procrastinação e como esse estado de comodismo nos faz sentir perdidos na multidão. A versão de estúdio alterou um pouco a estrutura original sem que a força e intenção do tema fossem beliscados. É, na nossa opinião, um dos temas mais bem conseguidos do álbum.



Holding On

Tudo começou com este tema. Um esboço acústico, composto pelo John (vocalista), diferente daquilo que é hoje mas, sem dúvida, o ponto de partida para a sonoridade da banda. Por todo o valor simbólico e porque continua a ser um tema com o qual nos identificamos, não poderia deixar de ser incluído no álbum.


Loaded Gun

A 'Loaded Gun' foi um dos últimos temas que criámos, a poucos dias de entrarmos em estúdio. O John chegou ao ensaio com uma letra forte e directa e com a intenção de que o tema correspondesse a essa mensagem. Não foi difícil chegarmos à estrutura de uma tema, que viu parte do seu trabalho de produção ser construído em estúdio mas que não descura a intenção original. É um dos temas que mais resultam em concerto.


Move Along

O tema mais directo, 'sem espinhas' e com uma forte influência 'punk' e 'garage-rock'. Cronologicamente, foi o segundo tema a ser criado e surgiu no meio de um ensaio, enquanto trabalhávamos a 'Holding On'. É um tema cru, eficaz e orelhudo, um pouco à imagem do que caracteriza a sonoridade 'punk'. A mensagem é forte e entoada em jeito de palavra de ordem. Consideramos que é em palco que este tema tem a sua expressão máxima.



Redefine

Gravado em finais de 2013 para o nosso EP de apresentação, 'R', lançado em meados de 2014, 'Redefine' foi o primeiro 'single' escolhido para a sua divulgação. Partindo quase do nada, com este tema obtivemos um destaque bastante importante e inesperado com rodagem frequente em várias rádios nacionais, entre elas a Antena 3 e a Super FM, e com presença nos lugares cimeiros dos respectivos 'tops'. Curiosamente, antes de ser gravado, andou 'perdido' durante algum tempo no lote dos temas por acabar. Sabíamos que poderia ser um bom tema mas faltava algo e ficava sempre de lado. Felizmente, o nosso amigo Victor Torpedo aceitou assistir a um dos nossos ensaios e, depois de o ouvir, incentivou-nos a pegar nele novamente e, de um momento para o outro, parece que tudo começou a encaixar e o resultado superou as nossas expectativas.





Pleasure and Pain

Apesar de melódico, é o tema mais sombrio do álbum e com uma sonoridade 'garage' mais carregada. A sua estruturação aconteceu gradualmente tal como a composição da letra. Esse facto levou a que cada uma das partes (letra e música) se influenciasse mutuamente. O peso da mensagem, que fala da estreita relação entre o prazer e o sofrimento, conduziu a este ambiente sonoro mais 'carregado'. O refrão é intenso e orelhudo a fim de quebrar, momentaneamente, a densidade que caracteriza este tema.



Midas Touch

Nunca foi nossa intenção criar um tema instrumental para o álbum ou mesmo para tocar ao vivo. Numa fase inicial de um ensaio, todos fomos atrás de um 'riff'. Foi um daqueles momentos em que tudo parecia sair bem e à primeira. Optámos por um nome que traduzisse isso mesmo; 'Midas Touch' assentava que nem uma luva. Criámos o tema semanas antes de irmos para estúdio e foi unânime a decisão de o incluir no álbum.



Hell Of a Dream

Um dos temas mais fortes do álbum. Tem energia, personalidade, uma mensagem intensa e uma vontade de pôr toda a gente a mexer. Um tema 'rock' genuíno, sem rodeios e dos que mais gostamos de tocar em concerto.



Riding The Vice

'Riding The Vice' conta novamente com a colaboração de Victor Torpedo na guitarra, tal como uma forte presença da secção de sopros. É um tema intenso, 'Rock FM', que fala sobre o caminho tortuoso associado a qualquer vício. 



Out Of Luck

Neste tema, a maior parte do trabalho de produção foi realizado em estúdio. Composto pelo John, em formato acústico, apenas algumas semanas antes de se iniciarem as gravações. Apesar de ter mantido a sonoridade acústica original, foi sujeito a um trabalho extenso, em termos de arranjos e de elementos, a fim de poder marcar a diferença sem que perdesse o sentido no álbum. Com influências notórias do 'britpop' dos anos 90, o resultado foi, na nossa perspectiva, muito gratificante.



Inside Out

O disco termina com um tema que, de certa maneira, traça o futuro. À altura da gravação deste álbum, 'Inside Out' espelha o estado de alma que existe entre os membros da banda e o sentido que poderá servir de ponto de partida para novas composições. Um tema longo, mas coerente, com uma fluidez genuína, intensa e inevitável. Até ao momento, o nosso tema mais complexo mas também um dos mais divertidos de tocar, seja em concerto ou em ensaio.







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