segunda-feira, 9 de março de 2015

DE E POR: OFFICER DICK - "Gambling Against Myself" (2014, Ed. Autor)

Poucos têm sido ultimamente os tempos em que os Officer Dick mantêm a mesma formação. Olhando para o mais recente EP "Gambling Against Myself", a questão transmuta-se para um mito urbano inexplicável: não só porque é extremamente oportuna e luxuosa em tempos de crise a ideia de apostar contra o próprio destino como também a recuperação da melhor conjugação entre melodia e agressividade que o punk e o hardcore alguma vez corporizaram é um prazer dos diabos para quem o faz dedicando a 100% memórias perdidas de um estilo musical - alguns dirão mesmo lifestyle - tão tentador para quem ouve.
Dirão que o DIY é um pólo de atracção para quase tudo o que a militância feminina possa ter de bom de ladies dedicadas a groupies fanáticas (aka Dickettes). Fica para quem ouve e lê as próximas linhas o agradecimento pela abordagem despretensiosamente fresca à noção de "fazer tudo com poucos recursos" que tantos já ousaram saber e dizer que sabiam/sabem/souberam alguma vez. E que as estatísticas não sejam despojos da infelicidade alheia.






Officer Dick Programs A Radio Party

Uma junção de 'clips' de rádio e televisão para dar a impressão de que este EP é extremamente conceptual e não apenas uma junção de todas as músicas que tínhamos composto. Reza a lenda que todos os 'clips' foram gravados pelo JAntónio numa fatídica noite de Abril em que ele decidiu entrar armado nos estúdios da Cidade FM.


Never Alone

Esta música já estava feita há muito tempo: como não tínhamos letra e não tivemos paciência nem tempo para encaixar nada antes de começar a dar concertos, decidimos deixar como um instrumental.
Porque é que se chama assim? Porque o nosso antigo vocalista tinha escrito uma letra para a mesma com esse título. Antes de gravarmos o EP, esse mesmo vocalista desapareceu do mapa e nunca mais o vimos. Fontes próximas dele disseram-nos qualquer coisa sobre uma viagem espiritual, mulheres peludas e 'bondage' japonês mas o que interessa é que a música ficou sem letra porque nenhum dos restantes membros da banda a conseguia cantar enquanto tocava o seu instrumento (não esse instrumento seus marotos hehehe). 


Angry Puppet 


A ideia nesta música era misturar 'ska' com uma sonoridade pesada. Tentámos misturar 'blast beats' com 'riffs' de 'rock' e estruturas pouco convencionais numa música sobre marionetas. Na ponte, ouvidos mais atentos poderão descobrir uma guitarra a fazer ritmo de 'ska' por detrás de toda a barulheira.


Make 'Em Crawl

Antes este som chamava-se 'Mind Control' mas depois fartámo-nos e achámos que faltava alguma coisa. Como eu [JAntonio] tinha comprado um chocalho e não sabia para o que é que o devia usar, o Isidro encarregou-se disso e depois pôs a segunda parte.

Era uma música com uma letra diferente e um inglês digno do Zezé Camarinha. Já não me lembro [André Isidro] do que é que falava a outra letra, mas esta é aquela típica crítica aos ricos e corruptos que tantos 'brofists' nos 'shows' de 'hardcore' e tantas carícias das Dickettes nos valeu.



Caesar

Caesar é uma pessoa. Ele só ouvia U2, Nickelback e as compilações 'NOW' até 2007 mas depois descobriu os Arctic Monkeys e com essa descoberta veio a mania que conhecia toda a música do Universo. E não me vou alongar [André Isidro] mais nas descrições porque tudo o resto é dito na música. Quanto ao instrumental em si foi todo meticulosamente copiado de uma 'demo' extremamente obscura dos Dead Kennedys conseguida pelos meus pais quando assistiam ao programa da Oprah em que o Jello Biafra enfrentou a Tipper Gore. A minha mãe no meu 12º aniversário entregou-me essa 'demo' juntamente com o Tony Hawk Pro Skater e daí surgiu a minha paixão pelo 'punk', bem como o nome da banda.

A segunda parte desta música foi feita num ensaio em minha casa [JAntonio] em que o baixista antigo se baldou. Apesar de ser das músicas que gosto menos é das que mais curto tocar porque nos concertos dá para inventar sempre e toco sempre a segunda parte de maneira diferente eheh.


Because

Fala sobre a falta de originalidade. Depois de acabarmos a música descobrimos que o seu 'riff' principal é igual ao da 'Loose Nut' dos Black Flag. Há quem considere isso hipócrita. Nós consideramos uma cena muito 'meta'.

Esta é a minha música favorita [JAntónio] e acho que com outra produção ainda ficava melhor. É super simples, agressiva e resulta sempre bem ao vivo.


Officer Dick Turns The Radio Off

Não sei [André Isidro] como é que o JAntónio conseguiu estar tanto tempo a gravar nos estúdios da Cidade FM e, depois de ter visto a pen USB ensaguentada que ele me entregou com os clips, prefiro nem perguntar.





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