segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

RICK CHAIN - "Voyager" (2014, raging planet)



"Voyager" é o primeiro álbum a solo de Rick Chain, músico de créditos firmados no panorama musical a tocar há cerca de 25 anos em bandas como We Are The Damned, Twentyinchburial, Besta ou Sinistro. O multifacetado músico ficou responsável pelas guitarras, baixo e vozes e fez-se acompanhar por Paulo Lafaia (bateria) e Rui Rocha (teclas), assim como Luís Tavares na bateria em dois temas. Neste longa-duração, Ricardo Correia teve a oportunidade de explanar algumas ideias que não se enquadravam em outros projetos, o que simultaneamente levou a que este tivesse a possibilidade de cantar e tocar outros instrumentos, liberdades artísticas naturalmente resultantes de um trabalho em nome próprio. E ainda bem que o fez porque, embora não seja propriamente um cantor, a voz tem um papel preponderante no resultado final do disco. Ora a berrar ou a cantar, a voz rouca e agressiva de Chain cai que nem ginjas num CD composto por um conjunto robusto de canções. Para além disso, as influências do rock clássico assim como as sonoridades mais modernas do estilo fazem-se ouvir ao longo de todo o alinhamento, o que contribui para que Voyager reúna todos os elementos de um bom registo rock






O disco arranca com “Art Less”, rock moderno sem rodeios que vive essencialmente dos bons riffs de guitarra; “They Call Him Darkness” onde são novamente as guitarras a destacar-se num tema orelhudo e muito bem conseguido que conta ainda com o excelente desempenho de Rick Chain nas vozes e ainda “Boat Made of Clay”, uma música dinâmica com bastante ritmo e uma bridge interessante onde os sintetizadores aparecem para dar um toque especial. Após tanta pujança surge “Revenant Sea”, que se destaca pelo seu ritmo arrastado e por uma toada mais melancólica e melódica com um competente solo de guitarra pelo meio.
Ainda estamos a ouvir os últimos acordes de “Revenant Sea” e eis que emerge “Heavy Sharks”, um retorno de rompante às músicas mais possantes, simples e certeiro e complementado com boas melodias aqui e ali. Já “Watertrail”, por seu turno, é um dos temas mais viciantes de todo o trabalho com a sua abordagem direta, os seus riffs simples e aditivos e a forma como Rick Chain dá voz às letras.
Já bem na segunda parte de "Voyager", “The Eternal Fool” tem na sua génese muito do rock clássico setentista (Deep Purple, por exemplo) principalmente pela forma como os teclados assumem o protagonismo ao longo da faixa - mas os riffs musculados, a interessante prestação vocal e a forma atmosférica como a canção termina levam-nos, igualmente, a querer ouvi-la uma e outra vez. De seguida temos aquele que foi o single debutante, “No Ocean Big Enough”: cerca de 4 minutos de nostalgia, intimismo, negrume e dos mais bem conseguidos de todo o álbum.
As últimas “Faith Capacity” e "Capricorn" surgem, por um lado, para nos voltar a abanar com os seus riffs pesadões e agressivos e um refrão que nos fica na memória complementado com um bom solo de guitarra, e por outro com aquela que, pautada inicialmente de forma lenta e melódica e depois a intercalar-se com Rick Chain a cantar no sentido mais lato da palavra e com fases mais pesadas, é a faixa mais extensa das dez e que finaliza de forma épica uma excelente jornada musical de muito e bom rock.






Em suma, “Voyager” é um bom compacto de rock onde, acima de tudo, fica demonstrada a versatilidade e a capacidade de Rick Chain em adaptar-se a outras circunstâncias.
Algo que, atenção, nunca esteve verdadeiramente em causa.



Hugo Gonçalves




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