sábado, 13 de dezembro de 2014

GALA DROP @ GNRATION, 6/12/2014 - REPORTAGEM




No primeiro Sábado de Dezembro, a incrivelmente fria Bracara Augusta recebeu no GNRation os Gala Drop para mostrar “II”, o seu mais recente álbum que tem dado azo a imensas partilhas e boas críticas. Muita curiosidade pairava no ar para ver ao vivo a forma como, entre conga e guitarras, a incorporação na trupe de Jerald James e Maria Reis trouxe uma alma diferente à banda, com voz, com uma guitarra mais free-rockiana e com pitadas subtis de funk.





Quando as luzes se apagaram, começámos logo a ouvir o início eletrizante de “You And I”, a primeira música de "II", e um imediato contraste entre uma bateria que se cuidou bem nos tempos difíceis que tinha que acompanhar e uma voz que não consegue entrar com o mesmo poder, de tal forma que só os espectadores mais atentos terão reparado na sua entrada. Todavia, seria o sintetizador a aglutinar e a tornar cada elemento perfeitamente audível para os primeiros pezinhos de dança de que mais se satisfazia com o que ouvia. Seguindo o alinhamento do álbum, os lisboetas tocam “Big City” e “Sun Gun”, em que fica na memória a boa entrada ritmada da guitarra e a voz colocada, já no volume certo, com tanto reverb para o fantástico de algo como “Leaving the heat of the gun/For the light of the sun/ Sun not guns"
. A harmonia entre uma bateria sempre irrepreensível e um baixo que nunca destoou do certinho já dava, porém, para reparar numa tendência de maior estaticidade na assistência, quase hipnotizada em bom som, e na banda, muito concentrada no detalhe da sua performance

Ao chegar a “All Things” e “Slow House”, a melancolia sobrevoava a BlackBox, com a voz de Jerry The Cat a surpreender com um enorme à-vontade mesmo no que parecia difícil de cantar. Um teclado a rasgar emoções, os synths a exprimir grandes alvoroços comoventes e a bateria sorrateira mas presente, embora sem se ouvir tanta guitarra como se pedia, e havia espaço de novo para um rebuliço fugaz. 

“Let it Go” introduz um pouco de magia de Jerry nas congas, o carácter exótico e sublime que logo se anexou bem ao baixo, ao resto da percussão e à impetuosidade dos arpejos dos teclados com tempo para celebração, espectáculo e arrefecimento para o que viria a seguir.
Chamaram-lhe “Samba da Maconha” a uma fase inicial de uma escala de beleza intensamente dub com metrónomo apontado ao sol de África e aos seus ritmos tribais e aos synths mais americanizados; não deram nome à sequência final do set que bem poderia ser uma futura nova canção.
E chamariam "Broda" à canção do encore, a essa forma de resplandecência individual e colectiva sem espinhas em que, se todos estavam preparados para o pré-encore, já ninguém estava preparado para o final iminente.  






Esta passagem dos Gala Drop por Braga terminava assim: de forma concisa, intensa com pequenas mas pouco influentes falhas mesmo com infinita atenção prestada a eles e a todos os pormenores. Conseguiram, no cômputo geral, aproveitar bem a sala, tanto a nível de luzes como a nível de sonoridade que não deixou de demonstrar também outra faceta mais intimista. Tentaram, tentarão, alcançarão, mas não irão tão longe de Braga assim que não possam regressar brevemente.


Texto por Marco Duarte

Fotografias por Inês Martins
(galeria completa em
facebook.com/bandcom)







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