terça-feira, 16 de dezembro de 2014

DE E POR: THE STONEWOLF BAND - "Fear Less" (2014, Ed. Autor)

Com um EP de estreia lançado no ano passado, o movimentado Mundo dos The Stonewolf Band desenlaça-se em "Fear Less", o disco de estreia lançado já este ano.
Entre imprevistos como uma formação renovada, obstáculos na edição física, proveitosas colaborações e uma recepção acolhedora que os levou para grandes palcos internacionais, como o do festival Music Matters em Singapura, e nacionais, como o Festival MED, o Vodafone Mexefest, o Festival MUSA Cascais, o Sintra Fest e o Sabotage Club e Festival Académico do Fundão (onde ainda vão tocar este ano), a banda mostra trabalho rapidamente mas com evolução, mantendo a mistura tão familiar do folk desértico com o reggae e o surf-rock tão coesa quanto possível e acrescentando-lhe o apetite pelo 
hip-hop e pelo que acrescentou muito ás músicas, como na "Get Right".
É pois, em jeito de balanço do próprio ano e disco, uma mensagem de auto-confiança, até no desconhecido, e de fazer algo significativo com a efemeridade, aquela que poderia ter contrariado o amadurecimento destas canções, que fica das palavras do líder Ricardo, o Lobo.


























Calling My People

O álbum abre com 'Calling My People'. Achámos ser a melhor escolha para o primeiro tema pois fala de uma chamada ao pessoal, para se unirem em tempos de crise e superar diversidades. Penso que muitos portugueses conseguem relacionar-se com o tema, devido ao que temos passado recentemente (e continuamos a passar, infelizmente), mas a ideia da música é dar energia para continuarmos a lutar contra tudo e contra todos.
Foi gravado com 3 'slides', 2 acústicas (Weissenborn) e uma eléctrica 'lapsteel'. A primeira 'slide' é a minha guitarra "go to", uma 'gold tone Weissenborn' com 'magnetic pick up'. A segunda 'slide' é uma 'Bediaz acoustic Weissenborn' com 'built in mic pick up'. A 'lapsteel' é uma 'custom made' vinda de Itália, pelas mãos de Luthier Ermanno Pasqualato, um grande senhor!
Inicialmente a ideia era ter um coro de vozes, 'church gospel style', mas depois de ouvir o 'power' da Orlanda Guilande, não foi necessário. Aliás, a primeira voz que se ouve no álbum é a da Orlanda.
Convidámos o nosso amigo Dylan Jones, de Inglaterra, para o solo de teclas e também o levámos connosco na recente visita a Singapura para o 'Music Matters Live', onde ele toca piano e trompete. O vídeo desse concerto já está no YouTube!


Gotta Bounce

O tal tema em que tivemos de esperar pelo 'ok' para usar 'samples' de John Wayne. Demorou, mesmo tendo o total apoio do filho do legendário John Wayne, presidente da John Wayne Enterprises, onde adoraram a música e como ela encaixava com a voz e imagem de JW, mas como os direitos do 'sample' não pertenciam só a eles, tínhamos igualmente de ter o 'ok' da Warner Bros. Depois do 'não' inicial, eles foram pressionados pela JW Enterprises para providenciar uma 'board meeting' (sim, um pouco exagerado para um 'sample' de 6 segundos para uma banda de Portugal) e finalmente houve o 'sim' para o usar no álbum. Semanas depois, muito perto da data do lançamento 'online', recebemos outro e-mail da WB com uma quantia exorbitante a pagar e acabámos por não usar o 'sample'. Mas a saga ainda continua…
Ainda assim, é sempre giro receber uma chamada dos EUA, do filho de John Wayne, a dizer que gosta da tua música!
Para esta música queria criar uma 'vibe' de deserto moderno...se isso faz sentido, e o tema fala de querer livrarmo-nos de pessoas tóxicas, quer na vida pessoal, quer no universo político, livrarmo-nos da mafia e escumalha. É também um dos 'singles' do álbum.


Good Riddance

Este tema fala da injustiça sobre o povo nativo americano. Fascinou-me a história deste povo, que foi abusado e massacrado durante anos, para depois ser forçado a adaptar-se ao estilo de vida do homem branco - tentaram mudar a cultura dos que já lá estavam muito antes que eles e viviam em paz! Isto foi quase tudo esquecido e 'pushed under the rug' e eu queria ajudar, através da música, para que os eventos trágicos desses tempos não fossem cair no esquecimento. Quis representar a fúria e a revolta do povo neste tema 'fast paced' e agressivo. O facto estrondoso é que mais pessoas morreram neste período do que no Holocausto. Parem e pensem nisso um segundo! Ninguém fala disto!
Mais 'backing vocals' da Orlanda para dar 'power' ao refrão. É das poucas no álbum que tem um solo de 'slide' no final da música.


Texas

Para esta música, decidimos pôr a bateria 'panned' toda do lado esquerdo e a guitarra principal 'panned' para a direita, com a voz no meio e 'backing vocals' entre os dois. Queríamos um 'vintage vibe feel', como no "Sgt. Pepper's..." dos Beatles. 
O tema fala sobre escapismo, da nossa mente viajar para sítios que nós achamos mais atraentes do que onde estamos agora, de não ter medo de ir na tal jornada de uma vida.
Quis transportar o ouvinte numa viagem comigo até lá, a um sítio que me influenciou muito...os 'blues', o 'folk', o 'country' americano.



Shotgun

O tema fala sobre o assumir o 'front seat' de uma relação. Hoje em dia existe muito a mentalidade de 'short term relationships' e muitos têm medo de dar o próximo passo; eu penso que não há necessidade de ter esse medo. Se realmente gostas de alguém ou amas essa pessoa, então é para avançar! Se no final algo correr mal, sem preocupações, pelo menos entregaste tudo a 100% e é sempre melhor do que pensar no 'what if...'.
Tal como na 'Get Right', concluímos que o 'beat' mais 'hip-hop', que tinha sido posto só para experimentar e acabou por ficar, levantou a música! E deu uma energia interessante ao tema.


Get Right

Queria transmitir às pessoas o não terem medo de sair de uma relação tóxica, que está a produzir mais mal do que bem. Acontece mais do que nós pensamos e não há como o 'agora' para rectificar essa situação.
Este tema fala sobre 'getting right' depois de um coração quebrado. 'Every cloud has a silver lining!'.
A música foi gravada num dia! Das mais rápidas do álbum, com 'backing vocals' de Odran B. e Orlanda. E decidi usar o som de contrabaixo, em vez do de baixo eléctrico pois adoro a combinação de 'beats' clássicos de 'hip-hop' com contrabaixo, ao estilo dos bons tempos dos anos 90.


Interlude

Eu sempre gostei de álbuns que tenham 'interludes' instrumentais e achei uma transição boa, um 'break' para mudar um pouco a onda, mudar para outro lado das minhas influências, o lado mais 'reggae'.
Gravada na 'slide' e com uma camada de 'reverb' e 'room', para dar o 'spacey trippy feel', uma peça improvisada que acabou por ficar no álbum.


My Ukulele

Foi um 'single' lançado no Verão passado, com um vídeo, sendo a música mais 'pop' do álbum.
Este é um tema produzido por Mikkel Solnado, que ouviu a música num 'gig' em Setúbal e quis gravá-la! A sua sobrinha, Joana Solnado, providencia os 'backing vocals', dando um toque muito especial ao refrão.
E um facto interessante que muitos não sabem, penso que vocês têm o exclusivo, é que esta 
música tem um tema muito escuro: fala sobre a morte de Rebbeca Shaefer, uma actriz muito conhecida dos anos 80, morta por um 'fan-stalker'. Lembro-me de ver a notícia quando era pequeno e achei interessante apresentar o tema do ponto vista do 'stalker' e com uma melodia muito 'pop', muito na onda de “Polly” dos Nirvana...'catchy but dark'! Mas isto fica entre nós...





Papaya

Outra música com um 'reggae vibe'. A mim, quando estou num mau dia, uma música pode mudar-me o 'mood', 'heal me' por assim dizer, e falo disso nesta. 'Reggae To The Rescue', para quando as coisas não saem como queremos, pois todos nós temos aqueles dias em que tudo corre mal, e a música pode ajudar-nos, nem que seja por um segundo.
Engraçado que as partes de trompete foram gravadas em Nova Iorque! Encontrámos o nosso amigo Matt Giella 'online' através de um 'site' que oferece serviços por 5 dólares(!) chamado Fiverr e fizemos até por brincadeira, para ver a qualidade. E quando ele devolveu o tema, nem queríamos acreditar na qualidade! Brutal, mesmo, e ficou no álbum. Ele adorou a música e fez todas as linhas, solos, etc., em 2 dias.
Gostámos tanto que lhe pedimos linhas para a versão da banda de 'My Ukulele' e também adicionámos um 'surprise dub' no meio da música antes do 'middle 8'.


Follow Me

É um 'slow reggae', um 'remake' de uma música do EP. Sempre gostei de tocar este tema em estilo 'reggae' e, depois de correr bem ao vivo, decidimos incluí-lo no álbum.
O solo de guitarra é do Paulo Baião (produtor) e a música acaba com um 'dub' à 'nossa maneira'. Achamos que é uma forma 'cool' de a terminar, bem diferente quando a tocamos ao vivo, quando transitamos para o próximo tema.
Fala também de seguir o caminho que cada um acha correcto, sem medo de ser visto como diferente, sem nunca perder a meta final de vista.


Waster

O tema mais emocional para mim porque fala sobre o meu irmão falecido, a quem dedico este álbum. Por ele ter uma imagem única, diferente do “normal”, com tatuagens e 'piercings', era muitas vezes injustamente julgado pela aparência. Estes julgamentos precipitados de pessoas, sem as conhecer, que infelizmente acontece pelo mundo fora, dá-me repugnância, e eu queria abordar isto na música. Ele era das pessoas mais inteligentes que conheci e por ter a tal imagem era rotulado "waster"...essas mentalidades enervam-me muito. Reparo muito nisso cá em Portugal e espero que este tema ajude de alguma forma a mudar essa tal mentalidade.
É também interessante por ser a única música do álbum que inicia com o refrão!


A Crow in Mexico

Foi o tema mais rápido de gravar. Inicialmente ia ser tipo 'interlude', mas acabou por ficar uma curta música onde o refrão só aparece uma vez, quase uma canção de embalar, para pôr o ouvinte num certo 'transe' antes do próximo tema mais pesado.
Estruturalmente é uma música diferente das outras. E com um 'feel' mais 'creepy desert Mexico'.


Rival 2.0

É um remake agressivo da “Rival” do EP, achávamos que faltava um pouco de 'edge' e 'rawness'. Gravada com a 'custom electric lap steel' e 'slide', é das poucas onde isso acontece.
Temos a participaçao do Son of Dave (aka Benjamin Darvell) na harmónica! Ficámos bastante satisfeitos com a resposta positiva ao nosso pedido quando achei que ficaria brutal uma harmónica suja entrar na música - dos meus 'riffs' preferidos do álbum. 

Transmite a energia de rivalidades do nosso dia-a-dia, ou até de altas competições onde a rivalidade é algo natural e ajuda a evoluir para melhor. E também já me disseram que faz lembrar os duelos do faroeste...'showdown at sundown style'.


Ukulele (bonus band mix)

Queríamos mostrar um pouco de como a música soa ao vivo. Assim, adicionámos o trompete do Matt Giella (que mencionei antes) e um solo de guitarra clássica do Odran B. (guitarras e teclado), que foi uma improvisação na hora de um 'take'.
A música cresce mais na parte final com o adicionamento de guitarras eléctricas 'in overdrive' e bateria aberta.




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