segunda-feira, 14 de julho de 2014

GOBI BEAR - "Inorganic Heartbeats & Bad Decisions" (2013, Murmürio Records)






Gobi Bear é o alter-ego de Diogo Alves Pinto, um entusiasta singer-songwriter vindo das terras do nobre D. Afonso Henriques. O seu contacto com a música é bastante recente: experimentou aventurar-se nas cordas em 2010, o seu 1º ano da faculdade. Por entre várias tentativas de iniciar projectos musicais, começou a enveredar pelos caminhos a solo e, ao longo do tempo, foi descobrindo a música e a música foi descobrindo Gobi Bear. Hoje é um dos mais promissores multi-instrumentistas portugueses e o seu primeiro LP é exemplo disso mesmo.

“Inorganic Heartbeats & Bad Decisions” mantém a identidade criada já pelo anterior EP “Mais Grande” de 2012. A sua génese continua a assentar sobre um dueto entre guitarra e voz; no entanto, este seu novo trabalho revela-se mais denso e maduro e não podemos esquecer também a vertente mais electrónica que acaba por conferir ao disco uma tendência mais pop. Um caminho menos experimental mas mais acessível às massas, um pouco à semelhança do que outros one man band, como é o caso de Noiserv, têm feito. São 13 faixas construídas sobre várias histórias, sobre várias estórias, ora suas, ora de filmes ou contos. Fazer de narrativas canções é um desígnio de uma voz bem doce, que corre ao sabor dos acordes dos instrumentos delineada por uma percussão subtil, embora bem ritmada, feita precisamente de “Inorganic Heartbeats & Bad Decisions”. 





O começo com “Joana”, onde a electrónica encarrega-se de abrir as hostes para “Eli/Abel”, em que o instrumental se assume protagonista e a voz é também um instrumento que cria ritmo próprio, empederne em “Wooden Toys” que nos desperta uma dose de nostalgia pela sua melódica escolha de acordes e ritmo bem marcado. Por entre um enorme dedilhar de acordes com breves resquícios de distorção vamos-nos aproximando de “Animals”, o tema que coloca lado a lado a guitarra, violoncelo e violinos num arranjo belíssimo e profundamente harmonioso onde a voz serve de leme. O auxílio do baixo bem definido ajuda a que não se perca o embalo quando visitamos a pujante “Scarecrow in the Rain” e de seguida, já na recta final, a distorção das guitarras de "A Thousand Light Bulbs" e a mais serena "Monica II”, onde uma suave melodia ritmada acompanhada de coros assume o bom fecho.





Todo o feitiço, o afecto, o acabamento de uma delicada técnica da guitarra com a voz: “Inorganic Heartbeats & Bad Decisions” não nos irá acalmar o espírito mas com certeza apaziguar-nos-à a alma.

João Ribeiro




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