segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CAPITÃO CAPITÃO - "(II)" (Azáfama, 2013)




Chegou este ano o segundo EP da carreira de J.P. Mendes como Capitão Capitão, outrora um Novo Talento FNAC e agora outro dos projectos que crescem com a aspereza de um panorama musical português cada vez mais robusto, sobretudo na área onde a contemporaneidade da pop mais vai buscar à melodia vista ora pela folk telescópica, ora por uma faceta indie mais uptempo e de actualização ou encadeamento fácil. 

"II" é um registo imerso numa atmosfera limpa. Limpa de grandes ruídos, mas repleta de pequenos pormenores, de sopros a teclados e percussões, num conjunto coeso, definido, fechado em que não é necessário procurar muito para nos fazer sentir a sua beleza.
Logo de início somos presenteados com a conceptualidade de "II" e "Malarranha", que enche as medidas com um bom groove e melodia, sem palha. Por outro lado, "II" deixou-me irritado, com a sensação de ou não ter encontrado a profundidade suficiente, ou de ter ficado com o som cortado a meio de algo que, se ouvirem bem, poderia ter saído ainda melhor.





De repente damos um salto e caímos no que parece pop e se vai engrandecendo na melhor música de "(II)". "Memórias Curtas", tema de apresentação, é uma excelente canção, recheada com o poder da loucura necessária no final e com uma voz que lhe faz jus. "Santo Amaro" perde em complexidade mas compensa em contenção melódica e no poder incrível de alguns dos seus momentos.






"Folhas" confirma as impressões até então de que o novo EP dos Capitão Capitão é um álbum sonhador, que cheira a Outono, mesmo com o laivo de tempestade de Inverno que nos dá em "Memórias Curtas". Acaba sempre por voltar e acabar num Outono sonhador.
Um registo arriscado, emocional, forte na interpretação mas simples e conceptual nas letras, mas sobretudo original. Peca por ser demasiado pequeno (para isso contribui o absurdo da introdução).
 “II” é, aparentemente, pouco abrangente nos horizontes que explora: é um trabalho que, dentro do seu estilo, é muito fechado e é interessante por isso, por essa complexidade que consegue num leque pequeno de incursões para fora do seu casulo, sem que isso interfira na obra como um todo. E isso é uma característica das boas obras: valem pelo que são e não por referências.



Hugo Hugon




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