quinta-feira, 10 de outubro de 2013

MAIN DISH - "ESTE INVERNO" (2013, Ed. Autor)

Título: Este Inverno
Edição: Outubro de 2013, Ed. Autor
Classificação final: 8.1/10

Tal como aconteceu com Insight (ler crítica aqui), Main Dish também aguçou o apetite para o seu próximo álbum, intitulado Oneiric e que sairá numa data próxima de brevemente, através de um lançamento de uma quantidade de gravações que pairava pelo seu computador – que juntamente com a sua guitarra forma a panóplia instrumental de que se serve. Este Inverno, assim o chamou, reflecte uma mudança brusca ao que o jovem portuense nos tinha aclimado.

Em primeiro lugar, e aquilo que mais se sente, importa referir que se pensávamos em Main Dish como um artista que explorava as visceralidades que a lo-fi podia conferir às suas canções, Este Inverno diz-nos para esquecê-lo nesse registo; as suas músicas já não se denotam tão polidas de pureza e, por isso mesmo, evidenciam-se aprendizagens que se adquiriram no tratamento áudio de modo a que estas não soem tão “caseiras”. A priori, e para quem quase ama a baixa-fidelidade, isso seria um aspecto negativo. A posteriori, estamos felizes com esta evolução: afinal de contas a música continua maculada e a profundidade lo-fi, agora reduzida, continua a conferir uma beleza incontestável a Main Dish.

Outra coisa que incontornavelmente está diferente é a maneira como Este Inverno foi editado: sente-se a preocupação em aligeirar o grau de dificuldade de digestão que tínhamos vindo a ter com Girls With Hats Are So Lovely ou Insight. Está um EP mais abrangente, mais feito a pensar nas pessoas. Porém, não se pense que a sua essência tenha mudado; continuam a existir vestígios incalculáveis de pós-roque britânico dos anos noventa (destaque para “Cold & Rainy”, que brota Bark Psychosis por tudo quanto é sítio) e ambiências shoegaze repescadas das melhores fontes.


No final das contas, contam-se três músicas belíssimas (“Cold & Rainy”, “Ela não disse” – malhão dos grandes e a única música com vertente vocal – e “Maria Inês”) e mais duas músicas que com nomes curiosos: “Hope”, alguma tentativa de referência a Godspeed You! Black Emperor? Acho que não. E “Derivada”. Contudo, mais do que isso; contam-se os dias para que chegue Oneiric. Este Inverno pode não reflectir o mais coeso dos discos, mas se for entendido com um conjunto de músicas soltas – que o é, na verdade -, acaba por ser o melhor que Main Dish nos trouxe até agora. O melhor disto? É que toda a sua música tende a ser grower. Venha daí Oneiric


Emanuel Graça




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