sábado, 17 de agosto de 2013

Memoirs Of A Secret Empire - Memoirs Of A Secret Empire EP

Título: Memoirs Of A Secret Empire EP
Edição: 16/08/2013, Ed. Autor
Classificação final: 9.6/10

Já vos tinha apresentado os Memoirs Of A Secret Empire, dizia na altura que eram uma das minhas apostas para o corrente ano de dois mil e treze. Agora com o EP já a rodar por aí, de título homónimo, só vi confirmar-se a minha crença; a banda de Vouzela não é uma banda qualquer, não é só mais um nome para acrescentar à lista de bandas post-rock nacional, não é só mais uma filha bastarda de uns Explosions In The Sky, Mogwai, God Is An Astronaut, Russian Circles etc. É mais do que isso. Quão mais? Basta ouvir o EP composto por quatro faixas para descobrir. Mas, por favor fiquem cientes, desde já, que são muitos mais do que isso.

Em primeiro lugar, chamar-se EP a um registo que tem quase uma duração de quarenta minutos pode não soar bem; chamar-lhe-ia mais LP do que EP, mas isso entra nos campos de preciosismos. Da música propriamente dita, não me passar um melhor termo para a definir que não «é do caralho». Como defendo, é quase irreversível, em pleno 2013, falar-se em post-rock sem que para isso se passem clichés pela nossa cabeça. E passam-nos, efectivamente, nomes pela cabeça. Mas nem vale a pena dizer quais, basta dizer que são tudo nomes grandes dentro da cena post-metal / post-rock. Aliado a isso, a grande vitória do disco: distorção, distorção, distorção.

A vertente “ashoegazada” do disco, com as doutrinas MBV bem aprendidas, é o que faz dele uma autêntica obra-prima; aquelas muralhas de distorção que têm tanto de gigantescas como de imponentes e que se vão construindo à medida que as melodias vão crescendo e ganhando forma são um autêntico oásis para qualquer registo “post-rockiano” que se possa escutar na faceta pós 00’s do movimento. Há lembranças dos esgalhados nipónicos Boris com o seu célebre Pink, há lembranças dos americanos noise-rockers que tem em Thriller um dos melhores discos de noise-rock que me lembro (falamos de Part Chimp, claro). Há lembranças de tudo e mais alguma coisa, mas tudo são boas lembranças – e é das boas lembranças que nos servimos para sonhar, para sorrir e para, acima de tudo, viver.

E vida é o que há mais em Memoirs Of a Secret Empire EP. Se é no jogo de guitarras que tudo bate mais certo e belo, o mesmo também é aplicável ao groove da bateria e às linhas de baixo que vão dando uma peculiaridade ainda maior ao registo; dão-lhe ainda mais potência, barulho (e este é um dos discos com uma vertente noise mais bem apurada que ouvi nos últimos tempos), amor e emoção. Porque a música é isso mesmo, um frenético jogo de emoções, quer sejam boas ou más. Aqui são sempre boas, e no fim há uma lágrima que nos chega ao canto do olho. É uma lágrima de felicidade, de admiração, de estupefacção. Confesso que não estava à espera de uma coisa tão grande: está tudo demasiado bom, demasiado bem situado, demasiado bipolar. Vive-se entre belas harmonias e cargas sónicas quase transcendentais, mas tudo conflui no mesmo porto: o porto da salubridade e de que ainda é possível fazer um disco de post-rock sem que esta caia obrigatoriamente em clichés já agastados. Brilhante!


Emanuel Graça




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