segunda-feira, 17 de junho de 2013

OCTA PUSH - OITO (2013, Senseless Records)




"Oito" é o disco de estreia que os Octa Push, os irmãos Bruno e Leo, Mushug e Dizzycutter, acabam de lançar. Num total de 12 canções, o duo resgata as participações de Alex Klimovitsky, meia-parte dos Youthless, Catarina Moreno (artista radicada em Londres e habitual colaboradora também do projecto Molo), Braima Galissa e Jahcoozi para uma viagem pela redefinição das cruezas da música de dança contemporânea.




Sendo um dos casos em que a sua principal cartilha de acção tem estado no estrangeiro, os Octa Push têm sido generosos na consistência das canções que têm mostrado. No primeiro terço do registo, para os mais curiosos, está uma das suas maiores pérolas até à data: "Françoise Hardy", tema escolhido para primeiro single fruto da resolução de um "writer's block", é O tema de 2013, um pedaço de dinamite envolto na África que faz compras em Portugal e muda de roupa já dentro dos subúrbios de Londres. Qualquer coisa como afro-garage bem corpulento que roda em tirocínio e reinvenção grime constante, também, ao longo de "Oito".





Não é apenas por um falso colonialismo de proximidade, agora musical e territorial, que são de Portugal que partem os mais importantes conquistadores de territórios até agora desconhecidos na actual cena musical de dança. É pelo esgarçar dos ritmos sincopados e do bass de África a que se vão impondo quer pelos instrumentos reutilizados (como o xilofone e o kalimba) e pelas camadas de sintetizadores, quer pelas vozes que se encaixam no brotar rítmico, que os Octa Push fazem de tudo isto tumulto de cor branca.

Tão facilmente se oscila entre o pós-dubstep de "Would Be Mice" e "My Share", entre o 2-step e o underground garage de "Bright Lights", como estamos mergulhados num universo infinito de ragga, afrobeat e breakbeat que está demasiado recalcado e retalhado no trabalho de progressistas como Koreless ou SBTRKT e pouco desenvolvido nas malhas de TEED.
  "Oito" é um conjunto de canções que confunde latitudes e dá novos mundos ao Mundo, exibindo de forma sensual mas completa o típico embate entre o maquinal e o orgânico. Mas melhor ainda, são canções de que toda a gente vai andar à procura. Ainda há um Quinto Império à nossa espera.


André Gomes de Abreu




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