sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Mandrax Icon - "Mary Climbed The Ladder For The Sun" (Nostril Records, 2012)

Chama-se Mary Climbed The Ladder For The Sun, é o disco de estreia de Mandrax Icon, pseudónimo de Márcio Cunha, e é dele que hoje o BandCom se vai debruçar.


Editado em Julho deste ano, numa parceria entre a Cakes & Tapes e a Nostril Records, só comecei a atentar verdadeiramente neste singer-songwriter quando, na festa de aniversário da Cakes & Tapes, que teve lugar no Mercado Negro, em Aveiro, este músico algarvio deu um concerto intimista para apresentar o registo. Desde então, apercebi-me que Mandrax Icon é uma das revelações do ano de 2012.
O seu disco de estreia é composto por dez aconchegantes faixas, que prometem aprisionar o ouvinte desde o início até ao fim.  Condimentado unicamente no dialecto de Shakespear, a sonoridade patenteada em Mary Climbed The Ladder For The Sun levita entre um psychadelic-folk/new weird america e aterra graciosamente numa suave e agradável fusão entre blues e alt-contry, sem nunca se desnudar do seu corpo enfarpelado por traços sinistros e dóceis de experimentalismo puro.



Extremamente dotado na guitarra (fez-me lembrar, entre outros, Nick Drake e Ben Chasny) e no seio de uma atmosfera sonora honesta e “limpa” (um dos pontos que mais me faz gostar deste disco), Mandrax Icon demonstra ser um belo escritor de canções, não pelos seus lirismos abrilhantados, mas pela eficácia métrica que impinge às suas melodias, que, fundida com a sua agradável voz, acaba por resultar numa combinação muitíssimo apetecível.

No que toca aos pontos altos do registo, vejo na intensa e emocionante Will You Ever Drag Me Down?, na confortante Snail e na magnífica e ousada Sands Of Time argumentos suficientes para captar as vossas atenções. Quanto aos pontos menos bons, as munições que dão para disparar não são quase nenhumas, mas vejo Crows In The Storm o ponto menos bom do registo.

Em compêndio, com este registo de estreia, Mary Climbed The Ladder For The Sun acaba por ser uma excelente surpresa e, seguramente, um dos meus discos portugueses favoritos do ano. Envolto de uma atmosfera aclimada por ventos a apontarem para um experimentalismo puro e nu, sem qualquer tipo de artimanhas, não vejo o porquê de ainda estarem a ler isto em vez de ouvir este belo longa-duração.





Nota Final: 8.3/10



Emanuel Graça




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