Chama-se Mary Climbed The Ladder For The Sun,
é o disco de estreia de Mandrax Icon, pseudónimo de Márcio Cunha, e é dele que hoje o
BandCom se vai debruçar.
Editado em Julho deste ano, numa parceria entre a Cakes & Tapes e a Nostril Records, só comecei a atentar
verdadeiramente neste singer-songwriter quando,
na festa de aniversário da Cakes &
Tapes, que teve lugar no Mercado Negro, em Aveiro, este músico algarvio deu
um concerto intimista para apresentar o registo. Desde então, apercebi-me que Mandrax
Icon é uma das revelações do ano de 2012.
O seu disco de estreia é composto por dez aconchegantes
faixas, que prometem aprisionar o ouvinte desde o início até ao fim. Condimentado unicamente no dialecto de
Shakespear, a sonoridade
patenteada em Mary Climbed The Ladder For The Sun levita entre um psychadelic-folk/new weird america e aterra graciosamente
numa suave e agradável fusão entre blues
e alt-contry, sem nunca se desnudar
do seu corpo enfarpelado por traços sinistros e dóceis de experimentalismo
puro.
Extremamente dotado na guitarra (fez-me lembrar, entre outros, Nick Drake e Ben Chasny) e no seio de uma atmosfera sonora honesta e “limpa” (um
dos pontos que mais me faz gostar deste disco), Mandrax Icon demonstra
ser um belo escritor de canções, não pelos seus lirismos abrilhantados, mas
pela eficácia métrica que impinge às suas melodias, que, fundida com a sua
agradável voz, acaba por resultar numa combinação muitíssimo apetecível.
No que toca aos pontos altos do registo, vejo na intensa e emocionante Will You Ever Drag Me Down?, na confortante
Snail e na magnífica e ousada Sands Of Time argumentos suficientes
para captar as vossas atenções. Quanto aos pontos menos bons, as munições que
dão para disparar não são quase nenhumas, mas vejo Crows In The Storm o ponto menos bom do registo.
Em compêndio, com este registo de
estreia, Mary Climbed The
Ladder For The Sun acaba por ser uma excelente surpresa e,
seguramente, um dos meus discos portugueses favoritos do ano. Envolto de uma
atmosfera aclimada por ventos a apontarem para um experimentalismo puro e nu,
sem qualquer tipo de artimanhas, não vejo o porquê de ainda estarem a ler isto
em vez de ouvir este belo longa-duração.
Nota Final: 8.3/10
Emanuel Graça
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